
Um homem suspeito de envolvimento no atentado contra o diretor do Conjunto Penal de Eunápolis e na fuga de 16 detentos da unidade foi preso nesta segunda-feira (4), durante uma operação da Polícia Civil no distrito de Pindorama, em Porto Seguro, no extremo sul da Bahia.
De acordo com a polícia, o suspeito, que não teve a identidade revelada, também teria participação direta na emboscada que feriu gravemente o motorista terceirizado do presídio. O ataque ocorreu no dia 21 de maio deste ano, quando o carro geralmente utilizado pelo diretor Jorge Magno Alves foi alvejado por criminosos fortemente armados. No momento do atentado, apenas o motorista estava no veículo. Ele foi socorrido, passou por cirurgia e sobreviveu.
O detido já era investigado por ligação com o advogado preso em julho na cidade de Serrinha, também por envolvimento na fuga em massa registrada em dezembro de 2023. Além disso, segundo as investigações, o homem dava ordens a comparsas para atacar policiais e familiares das forças de segurança.
Durante a operação policial, outros mandados de busca e apreensão foram cumpridos. O suspeito tinha cinco mandados de prisão em aberto. Outro homem, investigado por homicídio, também foi capturado na mesma ação. Ambos foram submetidos a exames de corpo de delito e encaminhados ao sistema prisional, onde ficam à disposição da Justiça.
Atentado e conexões com o crime organizado
O atentado aconteceu no final da tarde de 21 de maio, na Avenida Alcides Lacerda, bairro Arisvaldo Reis, em Eunápolis. Homens encapuzados e armados com fuzis calibres 7,62 mm e 5,56 mm interceptaram o veículo utilizado pelo gestor do presídio. A vítima era funcionário da empresa Reviver, que atua na cogestão da unidade.
Após o ataque, cerca de 100 agentes das forças estaduais e federais realizaram uma grande operação conjunta para capturar os envolvidos. As investigações apontaram que a ação foi ordenada por Ednaldo Pereira Souza, conhecido como “Dadé”, líder do Primeiro Comando de Eunápolis (PCE), facção criminosa que possui ligação com o Comando Vermelho (CV).
Um dos executores do atentado, identificado como José Rubens Alves de Assis Filho, o “Rubão”, foi preso junto com a namorada, Letícia Rodrigues, no dia seguinte ao ataque, em Itapebi. No momento da prisão, ele portava uma pistola 9mm, dois carregadores e oito munições. O armamento foi encaminhado para perícia balística.
Depoimentos contraditórios e novos desdobramentos
Em depoimento à polícia, José Rubens negou envolvimento direto no atentado, dizendo apenas ter ouvido tiros enquanto estava em uma área de mata próxima. No entanto, Letícia confessou que ele participou da emboscada. Os dois foram autuados em flagrante por tentativa de homicídio triplamente qualificado.
José Rubens também já foi preso anteriormente por assaltar uma joalheria e é investigado por ocultação de cadáver e outro homicídio. Ele teria transportado sacos contendo partes do corpo de Lucas Phelipe Costa Lemos, morto no dia 17 de maio. Além disso, é suspeito de envolvimento no assassinato do motorista de aplicativo Weverton Antônio dos Santos, ocorrido cinco dias antes.
Durante os interrogatórios, ele afirmou ter agido a mando de outra pessoa, mas não revelou o nome do suposto mandante.